terça-feira, 30 de setembro de 2008

ANDAMENTOS LEVES (João Paulo Feliciano Magalhães)


Barcarolas e Alvas...
As esmeraldas resplandecentes...
Minuetos e prelúdios...
As ametistas cor do globo scaner...
Redondilhas e sonetos...
As jades do velho parque sub-animal...
Sonatas e allegros...
Os vitrais do (não tão) velho templo caritas...
Livre de versos...
Os mecanismos manuais desalquimisados...
Livre de escalas...
O metal cor de Homem Literário rechaçado...
Concreticamente...
E não nos teores sanguíneos do agora absinto obscuro...
Dodecafonicamente...
Simetria rompida das massas encefálicas e ceifadas...
Ciberneticamente...
Scrap, escárnio, escuro...
Drumbassicamente... o doce do cacau do velho som de pretos...
De repente no repente...
Desabrocham as rosas samurais, puro cianureto, da efêmera
E não menos sombria
Primavera.

Primeira verdade ao pequeno e feliz presente de deus...
Ou quem sabe...
Orkuticamente...
Vigésima sétima...
Falácia...

Nossa! O mar é azul e verde!
E o amarelo?

domingo, 28 de setembro de 2008

CANTO-TE, DEUSA ATENA (João Paulo Feliciano Magalhães)

Amo-te, Deusa Atena!
E contemplo-te tal qual a Europa contempla
A América.

Sinto-te, Deusa Atena!
Singela, suave, doce tal qual
A Aurora Nordesteal.

Bebo do absinto
De teus lábios,
Inebriáveis,
E preciso feito as
Escalas simétricas.

E, da metafísica do teu sussurro,
E de tua mente de leituras largas,
Resplandecentes,
Surge tua palavra
“não inflacionada”
Que só pode ser proferida pelos seres de nobres mentes,
Nobres olhos,
E nobres dedos,
Deusa Atena!

Amo-te porque és amor
Livre da infante,
Nobre diamante
Nos olhos do sabiá!

Toco-te a mão
De desenhos simétricos
E delicados...
E com dedilhados...
Finos
Fiam minha mente
De frases diminutas.

Amo-te, minha Atena,
Por ser Atena...
E por ser minha
Só por tua bondade.

sábado, 27 de setembro de 2008

ALFA E ÔMEGA (João Paulo Feliciano Magalhães)



Click Link ou Alt F4

Soneto

Scaniando com meu olho não estático,
No monitor, vejo os lábios de Luísa.
Em megabytes que meu ID cristaliza,
Meu Scan Disc não revela! Enigmático!

Indefinível tal qual quadro de Monet,
Reverberiza a volúpia da intenção.
Placa de vídeo que não tem conexão
Desconfigura com tal plano que não vê.

Mas, no meu ID, cada vez mais insistente
Um Control Z para voltar à inocência.
É modelável tal qual jóia de alabastro.

P’ro Superego? Cada vez mais excitante!
Deleto tudo? Mais não saio da freqüência!
No Corel Draw: baby, honey, lupa, astro...




Conclusões e teses: o que meu “Azul e Verde” desvela em meio às veredas e unidades voluptuosas da tal imagem escaniada

Soneto

...capturando com meu olho agora plástico,
Que plastificam agora os lábios de Luísa.
Em kilobytes que meu ID atualiza,
Pelo Scan Disc, agora vejo: é tudo estático!!!

Falacioso tal qual ethos de Monet,
E abstrato tal qual som dodecafônico,
Meticuloso! E, como um jato supersônico,
De tão efêmero, nem o Plano mais se vê.

E a questão que nas Memórias reverberam,
O que os patéticos patenteiam em suas falas,
Solares lábios: o ponto, o olho, a boca, os dentes...

É como os lábios e os argumentos se alteram?!
Esses tais lábios, aqui, outrora, proferiam.
Gélidos lábios!!! Silencia o eco??? Silêncio estridente!!!

CREPÚSCULO (João Paulo Feliciano Magalhães)


A paga ao avanço do degrau
a observar o crepúsculo do tempo
a pensar com tal brilho errante
é o avanço ao outro degrau.

SOLITÁRIA (João Paulo Feliciano Magalhães)


Verme que sucumbe no vazio do espaço, aço que fere a barreira dos sons das almas.
Espaço que parece cada vez mais curto.Curto?!Curvo, corvo, cravo...
Rindo, zombando, as borboletas pretas do cão do inferno,
Gozam do esforço da vida do outro.
Ossos rompidos se desunem da face.
Ninhos de corvos, a vigiarem sua carniça.
Humanidade? P’ra que? É zombaria!
Amanhecer é tudo que se quer desse pesadelo de suor vermelho de faces amarguradas.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

BRISA INFERNAL DA ZONA DA MATA (João Paulo Feliciano Magalhães)


Por que me tomas, tu que me vigia escondida,
Que destróis o velho círculo de faces douradas, e que
Não desmaterializa as palavras?

Perdeste o sabor do grande cosmos idiossincrático...
Tu, que brilhaste na tua própria resplandecência,
Absorve vampirescamente agora a fosquidão do neon e do canhão...
Carne, cães mutilam o calcanhar
De tua brisa
E o néctar opiano de teus seios
Já não embriaga nem mesmo os desejos corneanos.

Deixaste para trás
O doce do cacau!
Absorveste o fel das uvas de outono!
Mergulhaste nos preceitos romanos da primavera!
Bebeste do sal do mar maldito
E como o dito
Desconectou o chip paziano.

Ofendeste Caiero.
Que sugere a vida pragmática, e...
Não a hipócrita e porcamente platônica.
E, no seu feixe de traços psicodélicos,
Equaliza os sentimentos puros
Com os sentimentos podres.
Vômitos e escarros de uma mente pobre
“Purificam” e pobrificam o belo...
“Bleak”!!! “O sonho acabou [e se prostituiu]”
E os vermes novos do tablado sagrado
Oriundos de tua alma “trash”
Vermificam... palidificam... ficam.... fica!

Oh mente de maré brava...
Só Neruda saberia versificar-te,
Porque meu dedo de ouro
Desalquimizado
Foi in-sábio.
Des-nitrogenados
Foi o tal “porto seguro”
Que os vinte e sete virusificaram...
Na placa-madrasta
Lânguida.
Quilos e quilos de “Garotos”
Fundem-se aos “Diamantes negros”
Das minas da sedução.
Língua satânica
Satiriza o “sentimento de nome inflacionado”....
E... [não somente “e”]
E riem das gotas lacrimais do mar salgado
E...
Dos submarinos
E...
Dos quatro pés juntos
Lambidos por suas ondas...

Por que temes o felino preto?

Por que esbravejas seus sussurros, urros... urros... no meu ouvido???

Por que proferistes a “palavra inflacionada” no meu parabólico,
Olhos triônicos?
Gravas meus escritos...
Espinhas minha memória...
Arrolhas meus ouvidos...

Tuas mãos de tala
Falaciaram minha nuca...
Nua, desfolhada pela escuridão de também...
Teus olhos de fala.
Despistes de minhas “personas”...
Por que veste as suas agora???

Bebericam os corvos
Do sabor amendoado de sua epiderme...
E riem... riem... riem tal qual homens de mente de intestino grosso.
O trem azul me convence em todo Dia da Lua...
Que o sentimento de nome inflacionado foi fragmentado heteronicamente...
No riso!!!

Nu,
Meu fantasma nórdico se recolhe
Na treva sagrada e musical
De meu silêncio,
Pois,
O silencio já disse o que havia a dizer.
E tu...
Vestes as recentes flores
Que de tão recentes...
Se carpemdiemizam...
E se efemerizam.

Meu fantasma foi amante
Até a página oito e trinta e cinco.
Inferno dos “caps” azuis
Espelhados pela alma verde e azul...
Desequilibradas pela mente “Milk shake”!!!

Rampeiros os sonhos
Furdunsiados por trás da tricolor córnea.
Calibre 23
Caçapa 27
Bola da vez: 28

Onde está tua canetada segura mais firme que os bit’s babacas da economia?

Burlaste luz e lúcifer
Lindas combinações morfolágicas...
Só lindas!
P’ra ti, meu órgão lingüístico
Desconfigurado do software e do ID
Não profere mais
O “termo inflacionado”.

Se teu escarnecer consolidou-se
E se teu “termo” que de inflacionado espirou...
Por que ainda me tomas?

[FALA DE UM MENDIGO] (João Rosa de Castro)


Soneto

Eu julgarei qual nunca hei julgado
Ao som desse computer registrando
Pois quem vive contente e implorando
O pão que das alturas me hás negado.

Notei que o celular tinha tocado
Que o business é que estava te guiando
A fome porém tinha me tocado
Pedi p’ra não morrer insaciado.

Agora vejam só meu veredito
Eu sou o hagá-dê com as imagens
Arquivos dos teus erros nesta esfera.

Aqui não há o dito ou não-dito
Veremos se farás lindas viagens
Ou sairás para sempre dessa terra.

DISSONANTES AMARÍSSIMOS (João Paulo Feliciano Magalhães)


Soneto

O verde-claro de suas uvas mortas
Brotam do orvalho de seu rosto líquido:
Liquidifica puro vinho amargo
Na avidez das harmonias frias.

Acordes estes que com tal faceta
Fazem dos dedos com seu toque ácido
Puros vassalos num compasso largo
No patamar das melodias cruas.

Cruel faceta, em tal mundo sórdido,
Solidifica pensamento em gelo;
Gelidifica com escalas tortas.

Amargo tom de tantos corpos frígidos,
Amargueceram o sabor do belo
Com o verde-claro de suas uvas mortas.

Cinza, verde ou azul?!


Você, que já não tem coragem de ver o que há por trás das córneas, lembre-se, o vinho depois de aberto deve ser bebido; do contrário, ele vira vinagre. E suas imagens foscas, que outrora brilharam, devem ao menos serem polidas com o óleo da coragem. Se foge, é porque a imagem que vê é agulha na veia, se olha, salga mais ainda os mares de Pessoa, se o cega é para que não lhe veja -- porém o que vê necessita apenas de um cafuneiana sabedoria. E ainda aquela -- inflacionada -- palavra de quando as almas ainda conversavam e se fundiam ecoa nos vãos do cérebro... e me dão medo. Medo do hoje, mais medo do amanhã! Viva apenas! É o que resta! Mas tenha coragem de olhar!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

João Rosa de Castro


CASAS E CANÇÕES

Não é só o baião ou o maracatu ou até mesmo a bossa-nova que enriquecem a música. Há bons baiãos e há maus baiãos. Todo método é um risco de acertar ou errar. Mas quando um suburbano que se acha demasiado negro, na América do Sul, vulgo Latina, decide comprovar que a idéia que temos de superioridade de uma raça sobre outra pode ser vista como uma ilusão, ou de que a raça negra não pode ser tratada com certa compaixão contraproducente, não é suficiente que ele tenha livre acesso às universidades. Além disso, é crucial que estude o Falcão todo, cronologicamente – não aqueloutro Falcão bobo, que também é um modelo para outro grupo, mas o Falcão que faz dO Rappa a grande luz no fim do túnel da música popular brasileira.
O Rio de Janeiro e o Nordeste devem fazer bem à imaginação; disso já estamos quase convictos, mas apesar desse projeto de fato, que justifica a fonte onde o Rappa bebe duma água cristalina, seria motivo de muitas risadas ouvir o Rei Roberto cantando, por exemplo: “É o rodo cotidiano...”.
Fui criado para pensar que os melhores retratos de um país são a sua arquitetura e a sua música. Infelizmente, para desespero nosso, nós, os E.T.’s, não temos tido, de uns anos para cá, nem mesmo casas para morar, que se dirá casas bem-parecidas. Mesmo assim, morro de rir toda vez que vejo a casa de fachada muito bonita, em plenos jardins, mas que ostenta uma imensa ferradura marrom, quase cobrindo todo o jardim colorido. Deve ser mesmo um motivo de inveja uma casa espaçosa e bem feita, com corredor dos dois lados, com portão baixo e carro à vista etc. etc. etc. Porém a ferradura não deixa de ser cômica. Uma superstiçãozinha de vez em quando vai bem, mas aqui o delito brilha mais do que a lei.
As belezas arquitetônicas não deveriam se reduzir aos prédios e monumentos públicos ou comerciais. Isso é um descompasso, um desconcerto. A beleza humana que ainda resta reflete a beleza dos seus limites, ou seja, das suas paredes, dos seus tetos e do seu chão. Para os E.T.’s oriundos de mundos mais longínquos, torna-se até possível perceber a poesia composta num cláustro ou num cárcere. Falta oxigênio na sintaxe. A imaginação não é capaz de vencer por completo a asfixia. Não dá para imitar o ventre. É quase um crime.
Casas e prédios (como em Ipanema), que não respiram o ar da distância, prédios que lembram pavilhões de prisões gigantes, que não se distinguem de tão próximos, misturas infames de dentistas, advogados, supermercados, açougues e moradias, autedores anunciando planos de moradia e tampando envergonhados a feiura das casas inacabadas, e para completar o carnaval paisagístico fora de hora – pichação, pichação e mais pichação. Por enquanto é esse o nosso retrato pelo prisma da arquitetura.
Já a música popular, talvez numa mimese da ópera, hoje conta, e não pouco, com o poder vocal. O que é louvável. Mas por que será que os homens de vozes fracas ou finas fazem tanto sucesso no Brasil? Terá medo da independência e por conseguinte da voz que a representa a mulher brasileira, já que é para ela que os homens cantam e é “no colo delas” que sobem ao palco?
Senão vejamos, o Rei é só emoção, os seus amigos são todos bissexuais, o Ministro da Cultura, que tem uma vozinha, gosta de beijar o Abravanel na boca.
Não tenho nada de absurdo contra o Caetano, apenas o que ele mesmo reconhece, com o que concordo: ele não se estende, sua voz é tão parecida com a dos 3 filhos de Francisco que ele se rendeu e parece ter feito mesmo a trilha – sonora.
Nem levou em conta que, figurando entre os nossos músicos aléns-do-homem inumeráveis e inesquecíveis, tem em seu favor a Poesia, o que não é pouco e até bastaria, não fosse por Jorge Aragão, Martinho da Vila, Frejat, Tim Maia, Ed Motta, Nelson Gonçalves, Zeca Baleiro e Arnaldo Antunes, mas claro: alguns outros que eu nem conheci e nem vou conhecer. A lista pode parecer confusa, mas o que une esses senhores da grande ópera universal é o fato de, além de também A terem, terem também algo inexplicável a oferecer exclusivamente à Música: um timbre viril. Quem teria coragem de, mesmo impulsiva ou acidentalmente, torcer o nariz para um desses nomes se não fosse por mera ignorância ou puro despeito? Há os homens que brindam só a poesia e há os que só a música. Quando se se atreve a seduzir as Duas, não temos apenas uma estrela, mas uma constelação, uma revolução – um bigue-bangue!
Porquanto se se quiser ouvir uma voz fina e ao mesmo tempo viajar nas delícias da fragilidade, opto por escutar atento a voz da Gal, da Marisa Monte, da Adriana Calcanhoto etc. etc. etc. A Música é assim, só olha para baixo! E é assim que temos mais uma dinastia: o Falcão, dO Rappa, é Rei!
22/12/2005.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

CIRCO, POLAR E ÁCIDO (João Paulo Feliciano Magalhães)



Aos 27, Jimi tomou sua última Heroína
E Jane seu último maltado:
Doce e suave!!!
Seco e seguro!!!
Feito a navalha de um cego
Diante da treva boreal...

Aos 27 perdi meus olhos:
Vi a coleção de máscaras
Que a deusa contemplada lançou mão.
Com seu brilho sádico,
E sua língua fria,
Desliza sobre as ondas da epiderme de pêlos nórdicos.

No 27, perdi meus trajes,
Desbotados e azuis,
Porém, Azuis!!!
E do último sussurro,
Sucumbido com o espasmo dos abraços,
Sangra o azul cremoso, cardíaco e polar.

E ecoando nas corcovas cerebrais,
As vozes proferem:
Garboso, gostoso, nervo e gozo.
Neve que verte e retifica
Os espasmos de outrora
Mergulham a meticulosa mente na mais profunda e fina treva.

Aos 27, perdi os olhos...
Aos 27, ganhei a cor!!!

SONETO DE PRIMAVERA (João Paulo Feliciano Magalhães)


Certas palavras proferidas de outrora,
Alumiadas no sombrio azul de dó
E orvalhadas no sorriso verde em si
Sintetizadas e esplanadas no Agora...

E pragmáticas, buscam o brilho e brio do ré.
O “mal do século” verte o sangue do infante.
O absinto verte o fosco diamante.
Pessoianas?! Só o salgado da maré!!!

Nerudiana?! Astronave em tom de lá!
Machadianas?! Verme em fá! Psiquiatria...
Andradeano?! E o pintado no anzol.

As barcarolas trazem o ventre para cá.
Ceciliana?! Com batuta e maestria.
Na primavera: o novo amor que brilha em sol.

CARPEM DIEM


O velho lema dos romanos é re-interprado hoje de um modo às vezes perigoso; as pessoas vivem loucamente suas emoções sem se preocupar com as conseqüencias. Não obstante, há também que se preocupe apenas com o amanhã e deixam de viver o que tem de mais concreto: o hoje. Ora, o ideal é buscar o equilíbrio entre ambas as posições. Não basta polarizar a vida, mas sim diversificá-la.

sábado, 20 de setembro de 2008

Saudações


É fundamental que, nos recintos que abarcam a arte, sejam eles vivos ou cibernéticos, os apreciadores se sintam acolhidos. Logo, saúdo a todos que visitam esse blog com os mai sinceros respeitos.
Como já dito, trata-se de um blog de arte, em especial, a arte contemporânea. Trago agora um de meus poemas para o crivo dos caros leitores cibernéticos.



AO ÊXTASE DOS ANTROPOBYTES

Soneto

Do homem velho: pedra, fogo, cio, terra,
Subsistência, fome, vida, evolução.
Que, na eficácia da razão em construção,
A caminhar, pois seus passos não emperram.

Ao homem novo: quebra, troca, roda, encaixa...
De passo em passo... Roda? Roda vida louca!
Empreendedor! Tão fino! Forte? Mente oca!
No seu retrato novo e cinza não se acha.

Pois, para que a evolução só com a razão...
Amor! E-mail! Vassalagem cibernética!
Que, sem espelhos, ignora sua fonte:

Se o próprio homem, tão preciso, perde o tom?
Tão democrata, desconexo! Tão morfético!
Olhar preciso! Onde está seu horizonte?