domingo, 19 de outubro de 2008

INQUIETUDES (João Paulo Feliciano Magalhães)


Perco-me nos labirintos de meus pensamentos
De processador ultra-patético,
E, com a fluência e brio de um cético,
Estilizo tua boca em minha mente de altas vozes.

Teus lamentos são mares profundos...
De tão profundos, azuis...
Azul dos meus olhos lânguidos...
Mas híbridos, porque te ouvem on line...
E tua mão no meu rosto por trás do portão
De grades tristes
Feito o mar na penumbra
Que só tu e eu vimos às cinco da tarde de dois mil e seis...
Que não é sete...
E que se tornou oito.

Tuas palavras me investem um clichê de sórdido,
Mas com argamassa de gelatina,
Pois só tu penetraste meu HD profundo
E viste um ator sem suas máscaras.

Chama-me do que quer...
Mas não queira enganar-te,
Pois conheço o fundo do teu mar
Por ter olhado a maré de teus olhos
Que não salgaram os mares pessoianos.

E tua mão arrasta minha constelação
Feito a língua duma amante
Em minha nuca.
Só tu tiveste o caminho da minha nuca
Nua e velada pela tua face de afeto.

Teus verbos no pretérito perfeito
Só não tem a perfeição
E a segurança do sujeito certo de seus conflitos resolvidos.

Agrida-me! Eu extraio o néctar de teu ódio.
Insufle o mundo! Eu já bebi de teus alentos.
Só não nega
Que fui areia em tuas mãos
E que as abriste ao vento do tempo
E que os mesmos grãos
Nunca voltarão.

Serenidade, Verde Azul!
A ti, apenas serenidade!

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