terça-feira, 30 de dezembro de 2008

EFÊMEROS (João Paulo Feliciano Magalhães)


Algumas pessoas, tal qual é dito na canção dos Titãs, permitem que o acaso as proteja. Na nossa sociedade chipiocrata atual, em que a vida útil das informações faz com que a vida de um cavalo marinho pareça ser constituída por milênios, já não há mais tanto espaço para os acasos. Cada vez mais nos olhamos nos espelhos das vitrines e o que vemos é um reflexo tecnológico em nosso próprio tesouro: a vida.
Noutro dia, uma certa pessoa, dessas que Cronos não permite que apareçam como os raios de Nilton, deu-me um cutucão com vara microscópica, dezendo que: “deixe a vida lhe levar!... deixe acontecer!... não planeje tanto as coisas!” Eu voltei para minha casa com a sensação de ter enxergado o que estava todo o tempo diante de meus escâneres biológicos: de que adiantam tantos planos se não lograrmos dos sabores ocasionais que a mãe-vida nos proporciona?
Os estadundenses, exemplificando, tanto planejaram ter vidas em plataformas mais levadas que a distância entre Terra e Lua que se esqueceram de conhecer até mesmo a si e seu mundinho sórdido e consumista (do qual, infortunadamente, nossa “Terra de Santa Cruz” comunga, engole e se engasga).
Quantos planos frustrados! Veja bem (nada a ver com o “veja bem” da marca de cimento), não quero fazer aqui, caro co-enunciador, uma campanha contra os planos; eles são necessários para que haja uma certa ordem nas coisas mundanas. Não obstante, a minha simples tese é a de que antes de planejarmos o que não temos, devemos nos perguntar se bebemos dos vinhos do acaso que o presente nos presenteia.
Anaforicamente pensemos no que representa o enunciado titaniano... (tempo... trimmmmmmmmmmm!) Se há perguntas, (risos) deveras não sou eu quem as respoderá... Sobre isso, o grande barato mesmo é ter as perguntas.

CURIOSO COMO O GATO (João Paulo Feliciano Magalhães)


Nas pedras de Artacha eu te vi
Com seus cabelos de medusa mentalizante,
Com seus olhos de ximbras peroladas
-- Tesouro – pensei eu – de minha terra de cabeça oca.

Com efeito,
(e com todos os efeitos)
Achaste um acidente no percurso mental
Que, de mentalizado e mentolado,
Fez-te arder seu órgão coca-colarizado...

-- Quem sou eu? Quem sou eu nesse lugar de morros e estrelas de caixa d’água?
-- Em qual boca meu barco-vida vai se atirar... e atirar... e ativar?
(ouço seus passos all-starianos na curva sibilante)

Ora... pois... lábios hagadezados...
Não tenho pressa das decisões...
A decisão, pois, é a do ser mitológico de foice...
E de nome eufemizado (deveras eufemizado).
Opto por sair do olho do espectador
Para entrar no grande palco.
A espera já não me cabe mais
Mas os passos ocanos sim...

(Oh, caro co-enunciador, você que lê a figura patética dos poetas através dos tempos, abra espaço para ler agora as figuras de ethos; afinal, é sua “jaca-em-ebulição” que produz sentido ao que seus “escâneres-biológicos” captam do palco real e vital)

domingo, 7 de dezembro de 2008

FASE VERELHA



Anuncio aos caros leitores de meu blog que meus textos estarão tomando novos rumos, mas sem perder a essência outrora contruída. Sempre conto com a visão dos mesmos.

sábado, 6 de dezembro de 2008

TERRA DE INFANTE (João Paulo Feliciano Magalhães)


Hoje me peguei pensando na desordem mental alheia. Jocosamente, essa desordem toma corporalidade no cadáver ambulante do próprio indivíduo. E esse cadáver com essa desordem mental proporciona, conseqüentemente, contatos frios e estranhos. Confiar em alguém assim é cada vez mais difícil. Na semana passada, eu escrevera, com uma “ilusão”, que me desfazia das máscaras amargas – e que não pretendo, mesmo, recompô-las --, mas, evocando o discurso de uma amiga, graças a Deus, fora dos padrões espirituais: eu profiro, diante da cena que outrora eu vivera que não vale apena tirar determinadas máscaras diante de certos cadáveres psicóticos. Sábia amiga e sábia intuição, pois, essas mentes desorganizadas são como ebola: não se vê, come e é fatal. É melhor que haja mesmo um “muro de Berlin” entre mim e tal zumbi (que me perdoe o líder étnico). No fundo, essa desordem mental é puro desespero de alguém de fracas bases e sem “gametas fundamentais”.

PERGUNTAS (IR)RETÓRICAS (João Paulo Feliciano Magalhães


Por que usas os clássicos

Se não sabes interpretar?

Por que fuma os ácidos

Se não sabe ruminar?

Por que ainda falas

Se não sabes me olhar?

Por que me vendes beijos

De ferrugem uvular?

 

Como dizia meu amigo neo-cibernético, Iohanes, você é de “ninguém e [de] nenhuma pessoa”...

Nem de você mesma, nobre verde opaco!!!

CRIANÇA NO AUTO DO ARMÁRIO (João Paulo Feliciano Magalhães


Como posso me atirar

Do auto do morro de meu teatro

Se já não sei

Se há mar no pé do aquário?

 

Silêncio imediato!