terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Raios ultra-violência (João Paulo Feliciano Magalhães)


A passionalidade da vida é sempre uma Reges Bitencour: sedutora, de mão dupla, dá sempre em lugares interessantes, até maravilhosos, porém, muito perigosa. Lidar, pois com essa passionalidade é sempre uma esfinge. Talvez o leitor reclame: “lá vem mais uma bobajada amorosa de um não menos bobo apaixonado”. Pode ser que sim, mas, prefiro correr o risco de ouvir isso. O fato é que esse negócio de paixão é tão complexo quanto variado. Há paixões que perduram a eternidade, outras que duram meia dúzia de beijos; há aquelas que são doces e suaves, outras que são um tornado, praticamente um twist of Love.
Mas mesmo sendo complexo, é delicioso. Às vezes é mais gostoso um beijo que lhe mexe todos os neurônios e células-ram do que uma vida monótona de cores televisivas. Cansei, sabe?! Cansei de relações mornas com seres e coisas; cansei de ficar vendo o maldito Silvio Santos e o Gugu aos domingos no sofá; cansei dos velhos chinelos pretos, meias pretas, roupas de moletom pretas, cabelos de sono pretos...
O jocoso é que, mesmo quando há agitação, nervosismo, se o movimento supostamente passional é falido, tudo se torna chato... desnecessário... fora de seu momento. E os jogos de ciúmes: “Se você vir meu menino, entenderá... nem adianta se manifestar, ele dá dois de você” – parece um “monumento ao twist, como diria Stanislaw. Acho que, beirando meus trinta anos, o que posso perceber é que, não é exatamente o objeto que me atrai no contexto passional, mas o efeito absíntico que é provocado por ele.
Aos pequenos, minha risada não menos gótica.

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